Segunda-feira, 10 de dezembro de 2001.

Nos anos setenta o Planejamento Estratégico aparecia como novo e sofisticado modismo no universo empresarial. Empresas, no mundo inteiro, recrutaram consultorias caríssimas para estruturar suas áreas de PE, muitas delas em nível de diretoria, e, com dezenas de especialistas que trabalhavam febrilmente nos diagnósticos e análises estratégicas de produtos, serviços, mercados e oportunidades estratégicas a aproveitar.

Pouco tempo depois, como todo modismo, sobrava muito pouca coisa de pé, e os gurus que preconizavam o PE como tábua de salvação e remédio para todos os males caíam em desgraça. Nos anos noventa poucas empresas ainda dedicavam recursos de seus orçamentos para sustentar divisões de PE em suas estruturas.

A crise dos anos oitenta que obrigou a maioria das empresas americanas e européias a cortar fundo em suas despesas, focar suas atividades e, principalmente, reduzir enormemente suas estruturas de pessoas (outros modismos foram a coqueluche na época como o downsizing e clean production ), e, dessa forma, não sobrava muita energia para outras estratégias que não fossem a sobrevivência.

Mas as poucas empresas que continuaram levando a sério os princípios de Planejamento Estratégico estão, não por coincidência, entre as que melhor se saíram nos anos de crise. As técnicas aplicadas estão ainda mais sofisticadas e o pessoal do PE aprendeu com o tempo. Hoje o Planejamento Estratégico está muito mais perto do Negócio do que das arcadas das Universidades como acontecia no passado. As técnicas analíticas de posicionamento de produtos e serviços, a ênfase no consumidor e na geração de valor para o acionista e, também, a abordagem da Gestão por Objetivos com auxílio de instrumental muito mais prático como, por exemplo, o Balanced Scorecard, colocam o Planejamento Estratégico, novamente, no centro das atenções do administrador.

O PE está de volta à ribalta, agora não mais como modismo, mas como orientação negocial e isso é muito bom para as empresas e até para as instituições públicas, visto que governos como o do Estado de Washington nos Estados Unidos ou como o da Prefeitura de Curitiba no Brasil, estão entre os que introduziram-no à sua rotina de gestão com muito sucesso.

Panejar estrategicamente vale a pena sim e, afinal de contas, é impossível não planejar pois, mesmo os que não o fazem, estão de uma certa forma, decidindo por uma estratégia de negócio, certamente não a melhor, mas o estão fazendo.