Home
Comentários
Artigos Selecionados
Marketing
Finanças
Logística
Estratégia
E-mail
 
 
 
O Que Somos Quem Somos Como Podemos Ajudá-lo
  O PENTA E OS MERCADOS  
 

Segunda-feira, 1 de julho de 2002.

O Brasil é o centro do universo! Essa foi à manchete do The Wasghinton Post ontem, cercada de espanto e respeito por uma nação capaz de ser repetidamente superior na mais espetacular e cativante atividade do ser humano em todo o mundo, o jogo de futebol.

O Post reflete em termos gerais a opinião da inteligentzia americana e repete o que, a cada Copa do Mundo, se torna mais evidente; O futebol está rapidamente se transformando no maior negócio de entretenimento do mundo e a Copa Mundial no maior evento do planeta. Estima-se em cerca de dois bilhões de pessoas os espectadores da final de ontem entre alemães e brasileiros. Qualquer coisa que prenda a atenção de público tão grande torna-se assunto político, estratégico e de segurança mundial. Não há como negar, a Copa do Mundo, faz cabeças e mentes das pessoas ao redor do mundo, mais do que qualquer evento político, mais do que qualquer atentado terrorista, mais do que qualquer estratégia de dominação.

Os americanos melhoraram nesta copa, já chegaram entre os oitos melhores, o que, em se tratando deles, notórios pernas de pau, já é um avanço e tanto. Mas precisam melhorar muito mais, já que é a única atividade importante do planeta em que não entram como favoritos. Eles dominam quase tudo, a economia, a capacidade bélica, a política, a maioria dos outros esportes, mas não o futebol, não o mais importante de todos, não a única atividade importante do planeta onde talento, capacidade de improvisação, esperteza e técnica são tão importantes ou até mais, do que as tradicionais capacidades de organização, planejamento, obediência tática, disciplina e força de vontade.

O brasileiro tem uma relação muito especial com a bola e com o futebol, essa invenção inglesa da qual se tornaram reis inquestionáveis. E se torna até repetitivo elencar as razões:

1 – O futebol é o único esporte que o pobre pode praticar tanto ou até mais que o rico, basta um terreno baldio, duas pedras para demarcar o gol, uma bola e um grupo de amigos. Os dois menos habilidosos normalmente vão para o gol e o resto desenvolve seu talento natural enquanto cresce. Não há necessidade de equipamento.

2 – O futebol é o único esporte totalmente democrático, pode ser praticado por pessoas de qualquer estatura, os mais altos viram zagueiros, ou goleiros, os mais baixos jogam no meio de campo ou ataque, mas se olharmos para Maradona com seus 1,64 e os atuais Roberto Carlos e Juninho com pouco mais do que isso e vermos também o velho dr. Sócrates com seus 1,94 ou os atuais Close ou zagueiros europeus nessa mesma faixa, veremos que nenhum outro esporte admite tamanha disparidade. Negros, brancos, orientais e mestiços de todo o tipo se destacam igualmente.

3 – O futebol possui poucas regras todas muito simples, bem ao gosto de um povo como o brasileiro que detesta regras e prefere resolver as coisas na base do jeitinho, da amizade e do espírito de equipe.

4 – O futebol estimula a improvisação, a criatividade e a inventividade aspectos profundamente arraigados na alma brasileira.

5 – O futebol admite o drible uma espécie de enganação, de tapeação do adversário, coisa que o brasileiro herdou de suas origens indígenas. Todo grande driblador vira lenda no futebol brasileiro. O público adora, mesmo que na maioria das vezes tais jogadas não tenham muita objetividade no sentido estrito do jogo. Essa é a razão pela qual Denilson, o maior driblador da seleção atual é ídolo do time. Nenhum brasileiro esquece as criações passadas de Pelé (inventor do drible de tabela que usava a perna do próprio adversário como instrumento para o drible) ou de Garrincha com seu incrível drible pela direita, Rivelino e o drible do elástico, Sócrates e o drible de calcanhar, Leivinha e o drible da passada, hoje tão bem executados pelos dois Ronaldos. A galeria é imensa e remete até a Leônidas e sua bicicleta relembrada por Edmilson em seu belíssimo gol contra a Costa Rica, ou o gol de bico de Ronaldo celebrizado várias vezes por Romário.

Mas se um evento tão gigantesco projeta o Brasil como centro do universo como diz o Post qual será a reação dos mercados que nas últimas semanas colocaram as perspectivas financeiras do país atrás da Nigéria ? Provavelmente nenhuma, já que os mercados ainda não acordaram para uma realidade que está debaixo de seus narizes. O mesmo povo que produz os Ronaldos e Rivaldos é o povo que vai forjar o novo Brasil que deveria estar refletido nos indicadores de risco das agências de rating fossem estes minimamente sérios.

O Brasil que vai vingar não é o da avenida Paulista, mas a da Vila Irene celebrizada por Cafú em seu momento mais sublime no pedestal de campeão na noite de ontem em Yokohama. E na Vila Irene a vida melhora há muito tempo, aos poucos, devagar, mas sempre. Lá os pobres do Brasil enfrentam a luta do dia a dia com a raça, a catimba, os dribles, o jeitinho, a amizade e espírito de equipe, os mesmos que mostraram nossos atletas na Coréia e no Japão nas últimas semanas. Ë uma vida sem muita ajuda, pois o poder público pouco fez por lá, mas eles venceram e continuam vencendo, ganham a Copa da Vida todo ano.

Esse Brasil que luta e que vence e que vem emergindo a cada ano é um país muito grande, muito generoso e será também muito poderoso. Ë um Brasil ao qual as agências de rating deveriam prestar um pouco mais de atenção, pois esse sim é o país do futuro. Ah!.. e o Lula nunca ganhou uma eleição na Vila Irene.


 
 
Índice de artigos Anterior Próximo Home